sábado, fevereiro 21, 2009

José Megre


José Megre: Até Sempre.

Hoje estou de luto.
Para todos os apaixonados da aventura por montes, vales e areias, o dia 21 de Fevereiro de 2009 ficará marcado para a história como a data da morte do mais aventureiro português da última metade do séc. XX.
Quando em 1999 adquiri o meu primeiro veículo de todo terreno aconteceu algo que, confesso, já adivinhava: nascia uma das minhas grandes paixões. Não é fácil explicar. Talvez o sentimento de liberdade, de descoberta, o trilhar de caminhos solitários, possa decifrar essa paixão. Talvez. Desde miúdo que, religiosamente, acompanhava o Dakar e sonhava. Sonhava aventurar-me por esse mundo estranho, por esse vasto mar de areia do Sahara. Ao ler a revista Grande Reportagem e a prosa de Miguel Sousa Tavares, as suas histórias do deserto, nascia em mim uma fixação. Uma paixão incompatível com o pragmatismo dos meus pais. Por isso, as primeiras poupanças efectuadas fruto do meu trabalho (e do da minha mulher, faço-lhe essa justiça) foram depositadas, religiosamente, num Jeep Cherokee 2.5 TD e a aventura começava a desenhar-se.
Para todos aqueles que, como eu, amam o todo terreno, José Megre era já um mito. O trota mundos. As suas históricas aventuras, o seu Dakar de UMM, o seu Portugal de Lés a Lés, o raid ao Tibete, entre tantas e tantas outras, são inolvidáveis. Conhecido como o Pai do TT nacional, José Megre era um português excelentíssimo, uma obra rara, um mito.Por isso, quando há poucos minutos tropecei na notícia da sua morte, não evitei uma lágrima furtiva. Mesmo nunca o tendo conhecido pessoalmente, ele fazia parte da minha vida. Era um exemplo. Um modelo a seguir.
É uma perda irreparável. No meu caso, uma angústia: nunca tive o privilégio de o cumprimentar e lhe dizer aquilo que me vai na alma sempre que ouço ou leio as suas entrevistas: “Obrigado, você é o responsável pela minha paixão pelo Todo Terreno”.

Permitam-me que faça “copy-past” DESTE texto de Eurico Botas:


"Engenheiro mecânico de profissão, José Megre nasceu no dia 25 de Março de 1942 e fez dos automóveis a sua vida. José. Depois de vários anos como piloto e preparador de carros para competição, Megre dedicou-se desde 1982 ao todo o terreno como piloto, ao que se seguiu a criação e organização das maiores provas desportivas internacionais da especialidade em Portugal: Ao longo da sua vida registou participações em ralis com os Datsun 240 e 270-Z, também fez velocidade, mas foi no TT que mais se notabilizou, tendo mesmo granjeado o título de “Pai do Todo-o-Terreno Português”.Com efeito, na década de 70, José Megre teve participações no Campeonato do Mundo de ralis e esteve na origem de provas como a Baja Portalegre, em 1987, e a Baja Portugal, em 1988, evento que hoje consta do calendário como Transibérico.Ao longo da sua vida recebeu várias distinções, como a Medalha de Cruz de Guerra (Angola), o Prémio Alfredo César Torres – FPAK (Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting), Personalidade do Século XX – Confederação de Desporto por proposta da Federação Portuguesa de Todo o Terreno Turístico, Personalidade do Ano 2006 – Confederação de Desporto por proposta da FPAK, Troféu Rodas de Prata – (ACAP) Associação do Comércio Automóvel de Portugal e Prémio Autosport Volante (2003).Por tudo isto, a morte de José Megre deixa uma grande lacuna no cenário automobilístico e desportivo nacional, pelo que todo o país está de luto".

A dor é sempre grande quando vemos partir um dos nossos heróis. José Megre era um dos meus heróis.
Até Sempre "Zé" Megre.


(Foto retirada do portal TT Verde)

quarta-feira, fevereiro 11, 2009